quinta-feira, 6 de maio de 2010

Enfim, um suspiro cansado,
Entre meus antigos martírios,
Com olhos passados,
E minha expressão de quem se ausenta.

Eu vi um pintor andar pelo asfalto despido,
Em trajes com cunhos de tinta,
Contemplou minha doce melancolia,
Instigando-me a reflexão,
E á entender filosofia.

Um pintor com olhar indefinido,
Com vida sob sigilo,
Solitário que se fere com o próprio açoite,
Sem precisar de lágrimas como vestígios de seu peito ferido,
Lá vem um pintor,
Disperso e desiludido.

Seus dedos eram marcados por uma rubra tinta,
E criou seu reflexo com seu pincel preferido,
De onde vinha esse pintor?

Sua pele parecia tomada por um inverno rigoroso,
Mesmo sem contato,

Ele me olhou,
Revelando seus lustrosos olhos de safira,
Nada me disse,
E não movimentou os lábios nem para um suspiro,
Mas seu olhar,
Por alguma linha invisível,
Tocou meu coração,
Que o obstinou a bater forte.

Ele me disse coisas,
Mas eu nada traduzi,
Mas sim senti,
Com palavras ocultas que me tocavam os ouvidos,
Elas eram tão fortes que nem mesmo os ventos impeliram.

Com o canto dos lábios,
Desabrochou um frágil sorriso,
Que me agasalhou a alma como um lençol de linho,
E lá, a centímetros de distância,
Conversamos sem palavras,
Sem sons,
Sem ruídos.

E depois, com um discreto gesto de despedida,
Retornou ao atalho,

Enfim, um suspiro pesado,
Entre seus antigos martírios,
Com olhos passados,
E sua expressão de quem se ausenta.

Sarah Schmorantz.

P.S: só agora eu vi o quão meu blog está insípido.
Chego a rir.

Um comentário:

Anônimo disse...

lindo, simplismente demais