sábado, 22 de outubro de 2011

A chuva cai, fina e fria. O vento corre e nada sussurra, as folhas farfalham secamente sob os pés. Inverno. Violentamente maculam pensamentos, morrem versos, derrapam as cinzas de sua estrofe, enterradas num sepulcro, neste reino em pleno inverno.
Ela está nua, do corpo frio as lágrimas vêm quentes, brasas como seu coração, aquele que anseia o gelo e a neblina, mas nunca sentirá calor no estio. O frio vem a sentir, não a incorporar.
Nua... Nunca com lábios vendados, prendendo suas palavras na garganta.. Ela está nua, a língua cortada, os dentes gelados. Em meio á duzentos rostos que antes julgava conhecer.
A chuva pára, o sol renasce, e a chuva volta... Continua nua, continua frio.
Ela te ama tanto, ela te quer, e ela chora... A chuva mata, a chuva volta... Mas ela não morre, ela não quer morrer...
Nua, o sangue verte o peito ás brasas secas... Continua nua... Continua frio...

Sarah Schmorantz

21 de outubro de 2011